Mas
faço-vos saber irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo
os homens."
- Gálatas 1:11
Para mim é penoso ver Paulo se
defendendo como um apóstolo; e fazendo isso não contra um mundo de contradição,
porém contra membros de igreja de coração frio. Eles diziam que ele não era
realmente um apóstolo, porque não tinha visto o Senhor; e eles proferiram
muitas outras coisas depreciativas contra ele. Para manter sua reivindicação ao
apostolado, ele foi impelido a iniciar as suas Epístolas com "Paulo, um
apóstolo de Jesus Cristo", embora o seu trabalho fosse uma prova
auto-evidente do seu chamado. No nosso caso, depois de Deus nos ter abençoado
para a conversão de muitos, se alguns desses levantarem uma dúvida quanto ao
nosso chamado ao ministério, classificaríamos isso como uma prova de fogo;
porém não concluiremos que algo estranho nos aconteceu.
Há muito mais motivo para
questionar nosso chamado ao ministério do que lançar uma dúvida sobre o
apostolado de Paulo. Se for lançada sobre nós essa indignidade, poderemos
suportá-la com alegria por amor ao nosso Mestre.
Não precisamos nos admirar,
queridos irmãos, se o nosso ministério for sujeito a ataques, porque essa tem
sido a porção daqueles que nos antecederam; e nos faltaria um grande selo de
autenticidade da nossa aceitação por Deus se não recebêssemos a inconsciente
homenagem de inimizade que sempre é assacada aos fiéis pelo mundo sem Deus.
Quando o diabo não é incomodado por nós, ele não nos importuna. Se seu reino
não é abalado, ele não se importará com o nosso trabalho, mas deixará que
desfrutemos de inglorioso sossego. Confortemo-nos pela experiência do apóstolo
dos gentios: ele é particularmente nosso apóstolo, e podemos considerar a sua
experiência como um tipo do que podemos esperar enquanto labutamos entre os
gentios dos dias atuais.
O tratamento que tem sido dado
aos homens eminentes enquanto viveram foi profético quanto ao tratamento da sua
reputação após sua morte. Este mundo mau é imutável em seu antagonismo contra
os verdadeiros princípios, estejam seus defensores mortos ou vivos. Mais de mil
e oitocentos anos atrás disseram: "Paulo, quem é ele?" E eles falam
assim ainda hoje.
Não é incomum ouvir pessoas
duvidosas declararem que discordam do apóstolo, e elas até ousam dizer:
"Aí eu não concordo com o apóstolo Paulo". Eu me lembro da primeira
vez que ouvi essa expressão; abismado olhei para o indivíduo. Admirei-me que um
pigmeu tal como ele pudesse dizer isso do grande apóstolo. De modo geral, à
parte da inspiração de Paulo, parecia como um ratinho discordando de um querubim,
ou um punhado de palha discutindo o veredicto do fogo. Esse indivíduo estava
tão longe de ser notado que me admirei que seu orgulho pudesse ser externado
sem se envergonhar. Apesar dessa objeção, mesmo quando sustentada por críticos
versados, nós ainda concordamos com o inspirado servo de Deus. E nossa firme
convicção que, discordar das Epístolas de Paulo, é discordar do Espírito Santo
e do Senhor Jesus Cristo, cuja mentalidade Paulo plenamente expressou. E de se
admirar que os escritos de Paulo fossem tão atacados; mas isso nos adverte que
quando tivermos recebido a nossa recompensa, nossos nomes não estarão livres de
crítica, nem o nosso ensino de oposição. Os mais nobres daqueles que já
partiram ainda são difamados. Não dê atenção ao julgamento humano a respeito de
si mesmo quanto à morte ou à vida; pois que importa? Seu verdadeiro caráter
nenhum homem pode ferir a não ser você mesmo; se você está capacitado a manter
suas vestes limpas, tudo o mais não merece um só pensamento.
Aproximemo-nos mais de nosso
texto. Não reivindicamos a capacidade de usar as palavras de Paulo exatamente
no pleno sentido que ele podia; porém há um sentido, no qual, espero, que
possamos dizer: "E vos asseguro, irmãos, que o evangelho por mim pregado
não foi segundo os homens". Poderemos não somente dizer isso, mas devemos
dizê-lo com total veracidade. A forma de expressão habitual de Paulo vale como
um juramento quando ele disse: "eu vos asseguro irmãos". Ele quer
dizer, asseguro-lhes com certeza - eu desejaria que estivessem convictos disto
-"que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens".
Neste ponto, ele quer que os gálatas fiquem convencidos disso sem nenhuma
dúvida.
Pelo contexto, temos certeza
que Paulo pretendeu primeiro asseverar que seu evangelho não foi recebido de
homem algum. Seu acolhimento disso na sua própria mente não era conforme os
homens. A seguir, ele asseverou, que o evangelho não foi invenção humana.
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