Faz-me
caminhar pela vereda de teus mandamentos, porque nela me
deleito.
(Sal 119.35)
"Pois o querer o bem está
em mim; não, porém, o efetuá-lo." Tu me fizeste amar o caminho; agora
faz-me andar nele. Ele é uma vereda plana na qual outros estão tentando andar
por tua graça; vejo-a e admiro-a; capacita-me a caminhar por ela. Esse é o clamor
de uma criança que anela caminhar, mas que ainda é frágil demais; de um
peregrino que se sente exausto, mas que ainda insiste em sua marcha; de um
aleijado que acredita ser capaz de correr. Deleitar-se na santidade é algo em
extremo bendito; e certamente aquele mesmo que nos deu tal deleite operará em
nós a alegria ainda mais profunda de possui-lo e vivê-lo.
Aqui está nossa única
esperança; pois não transitaremos pela vereda estreita enquanto não vivermos
assim pelo poder de nosso próprio Criador. O tu que uma vez me criaste, rogo-te
que me cries de novo. Tu me fizeste conhecer; agora me faças prosseguir!
Certamente nunca serei feliz até que o consiga, pois meu único deleite está em
andar em tua presença.
O salmista não pede ao Senhor
que faça por ele o que ele mesmo deve fazer; ele deseja 'prosseguir' ou
trilhar a vereda do mandamento. Ele não pede que seja levado enquanto permanece
passivo; mas que Deus faça com que ele Vá'. A graça não nos trata como toras de
madeira ou pedras, que são arrastadas por animais adestrados ou máquinas, mas
como criaturas dotadas de vida, razão, vontade e forças ativas que se dispõem e
são capazes de mover-se se porventura houver necessidade.
Deus opera em nós, mas é para
que possamos querer e agir de acordo com seu beneplácito. A santidade que
buscamos não é uma aquiescência forçada por mandamento, mas a indulgência de
uma sincera emoção que impulsiona para a bondade, de modo que conforme nossa
vida com a vontade do Senhor. O leitor poderá dizer: Nela eu me deleito? É
piedade prática, a própria jóia da alma, o cobiçado galardão da mente? Se esse
é o caso, então a vereda externa da vida, por mais íngreme que seja, será luminosa
e guiará a alma ao deleite mais inefável. Aquele que se deleita na lei não deve
nutrir dúvida de que será capaz de percorrer suas veredas; pois onde o coração
já encontrou sua alegria, os pés são firmados para avançar.
Note que o versículo na oitava
anterior (v. 35) foi: "Faz-me entender"; e aqui temos: "Faz-me
prosseguir." Observe a ordem: primeiro, entendimento; e então,
prosseguimento. Pois um entendimento esclarecido é uma grande assistência para
a ação prática.
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