Aceitamos a obrigação de pregar
tudo que está na Palavra de Deus, de modo definido e distinto. Será que não há
muitas pessoas que pregam sem significado claro, manuseando a Palavra de Deus
de maneira enganosa? Você freqüenta o ministério deles durante anos e não sabe
no que crêem. Ouvi falar de certo pastor cauteloso, a quem um ouvinte
perguntou: "Qual é sua visão da expiação?". E ele respondeu:
"Meu caro senhor, justamente isso, eu nunca contei a ninguém, e não vou
dizer agora". Essa é uma estranha condição moral para a mente de um
pregador do evangelho. Temo que ele não seja o único que tem esse tipo de
relutância. Dizem que eles consomem sua própria fumaça, isto é, guardam suas
dúvidas para o consumo caseiro. Muitos não ousam dizer no púlpito o que dizem em
particular em uma reunião particular de pastores. Isso é honesto?
Temo
que aconteça com alguns o mesmo que se deu com um professor de uma cidade do
sul dos Estados Unidos. Um grande professor negro antigo, Jasper, ensinara seus
alunos que o mundo é plano como uma panqueca, e que o sol o circula todos os
dias. Não tivemos essa parte de seu ensino, mas certas pessoas sim, e um deles
foi com seu filho até o professor e perguntou: "Você ensina às crianças
que o mundo é redondo ou plano?". O professor cautelosamente respondeu:
"Sim". O indagador ficou confuso, mas pediu uma resposta mais clara: "Você
ensina seus alunos que o mundo é redondo ou que é plano?". A resposta do
professor amaricano foi: "Isso depende da opinião dos pais".
Desconfio que mesmo na Grã-Bretanha, em alguns poucos casos, muito depende da
tendência do diácono principal, ou do contribuinte principal ou do jovem de
ouro da congregação. Se isso acontece, o crime é repugnante.
Mas
se por essa ou qualquer outra razão ensinamos com língua dissimulada, o
resultado é extremamente prejudicial. Ouso citar aqui uma história que ouvi de
um amado irmão. Um pedinte bateu à porta da casa de um pastor para conseguir
dinheiro com ele. O bom homem não gostou muito da aparência do pedinte e lhe
disse: "Eu não me interesso por seu caso e não vejo nenhuma razão especial
por que você deva vir a mim". O pedinte respondeu: "Estou certo que
você me ajudaria se soubesse que grande benefício tenho recebido de seu
ministério abençoado". O pastor retrucou: "E qual foi?". O
pedinte respondeu: "Ora, senhor, quando eu primeiro vim ouvi-lo não ligava
nem para Deus nem para demônio, mas agora, sob seu abençoado ministério, passei
a amar os dois". Que maravilha se por causa da fala volúvel de alguns
homens, as pessoas viessem a amar tanto a verdade como a mentira! As pessoas
dirão: "Gostamos dessa doutrina e da outra também". O fato é que
gostariam de qualquer coisa caso um enganador esperto pusesse isso
plausivelmente diante deles. Admirariam Moisés e Aarão, mas não diriam uma
palavra contra Janes e Jambres.
Não
nos uniremos à confederação que parece visar tal compreensão. Precisamos pregar
o evangelho de modo tão distinto que as pessoas saibam o que estamos pregando.
"Se a trombeta não emitir um som claro, quem se preparará para a
batalha?" (1Co 14.8). Não confunda seu povo com falas duvidosas. Alguém
disse: "Bem, eu tive uma idéia nova um dia desses. Não a expandi; joguei-a
fora!". Essa é uma coisa boa para fazer com a maioria de suas idéias
novas. Lance-as fora, sim, de qualquer maneira, mas veja onde você está quando
o faz; porque se você lançá-las do púlpito, podem acertar alguém e ferir a fé
da pessoa. Lance fora suas idéias, mas primeiro navegue sozinho em um barco por
mais de um quilômetro mar adentro. Depois que você tiver jogado ali suas cruas
bagatelas, deixe-as com os peixes.
Hoje,
temos a nossa volta uma classe de homens que pregam Cristo e até o evangelho,
mas depois eles pregam muitas outras coisas que não são verdade e assim
destroem todo o bem que entregam e levam os homens ao erro. Eles querem ser
classificados como "evangélicos" e, na verdade, são antievangélicos.
Olhe bem para esses senhores. Ouvi dizer que uma raposa, quando acossada de
perto pelos cães sabe fingir que é um deles e corre com a matilha. Isso é o que
certos homens visam hoje: as raposas querem passar por cães. Mas no caso da
raposa, seu cheiro forte a trai, e os cães logo a descobrem, do mesmo modo, o
cheiro da doutrina falsa não é facilmente ocultado, e a presa não a segue por
muito tempo. Há ministros que é difícil saber se são cães ou raposas; mas todos
os homens devem saber de que espécie somos ao longo de nossa vida e não ter
dúvida em relação àquilo que cremos e ensinamos. Não hesitemos em falar nas
palavras mais robustas que possamos encontrar e nas sentenças mais claras que
pudermos formar aquilo que mantemos como verdade fundamental.
Assim,
disse tudo isso e ainda estou no primeiro tema, portanto, os outros dois
precisam ocupar menos tempo, embora eu julgue que sejam de primeira
importância.
1 comentários:
Boa noite Josemar, gostaria de saber sobre essas postagens. São textos exclusivos de Charles H. Spurgeon?? Seria possível postar o ano da escrita, pois tenho interesse em aprender mais a respeito desse grande homem de Deus, abç!!!
Postar um comentário