É impossível para nós sabermos
quão grandes foram os tormentos de nosso Salvador; mas, todavia, algum
vislumbre deles nos dará uma pequena idéia da grandeza do preço que Ele pagou
por nós. Oh Jesus, quem descreverá Tua agonia?
“Vinde a mim, vós todos os mananciais,Habitai na minha cabeça e olhos; vinde, nuvens e chuva!Minha aflição necessita de todas essas águas,Que a natureza tem produzido em vósAbsorvei um rei para suprir meus olhos,Meus olhos cansados de chorar, por demais secos para mim,A menos que eles consigam novos condutos, novos suprimentos,Para que se encham novamente, e com minha situação concordar”.
Oh Jesus! Tu foste um sofredor
desde teu nascimento, um homem de dores, experimentado nos sofrimentos. Teus
sofrimentos caíram sobre Ti numa chuva perpétua, até a última temerosa hora de
trevas. Então não numa chuva, mas numa nuvem, uma torrente, uma catarata de
aflição, Tuas agonias se precipitaram sobre Ti. Vejo-O lá! É uma noite de geada
e frio; mas Ele está no campo. É noite; Ele não dorme, mas está em oração. Ouvi
Seus gemidos! Já houve algum homem que lutou como Ele luta? Ide e olhai em Sua
face! Haveis visto alguma vez sobre um rosto mortal como o vosso, semelhante
sofrimento que ali podeis contemplar? Ouça Suas próprias palavras: “A minha
alma está cheia de tristeza até a morte”. Ele levanta: é agarrado e arrastado
pelos traidores. Caminhemos ao lugar onde Ele havia estava em agonia. Oh Deus!
O que é isto que nós vemos? O que é isto que mancha a terra? É sangue! De onde
veio? Talvez de alguma que tenha se aberto de novo por Sua horrenda luta? Ah!
Não. “O Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até o chão”.
Oh agonias que sobrepujam as palavras, que não bastam para descrever! Oh
sofrimentos que não podem ser narrados em linguagem! Quão terríveis devem ter
sido, a ponto de excitar a estrutura bendita do Salvador, e forçar um suor de
sangue cair de todo Seu corpo?
Este é o princípio; este é o
começo da tragédia. Segui-O tristemente, tu igreja aflita, para dar testemunho
d consumação. Ele é conduzido apressadamente através das ruas; é arrastado
primeiro para um tribunal e então para outro; é arremessado e condenado ante o
Sinédrio; Ele é escarnecido por Herodes; examinado por Pilatos. Suas sentença é
pronunciada – “Crucifica-o!” E agora a tragédia chega ao seu momento
culminante. Suas costas são expostas; Ele é amarrado à coluna Romana do
suplicio; o azorrague sangrento levanta sulcos em Suas costas, e como por um
rio de sangue Suas costas se avermelham – um manto carmesim que O proclama
imperador da miséria. Ele é tomado por soldados; Seus olhos estão vedados, e
então eles O esbofeteiam, e dizem: “Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te
bateu?” Eles cospem sobre Seu rosto; tecem uma coroa de espinhos, e a espremem
sobre sua têmpora; O vestiram com um manto de escarlate; ajoelhavam diante dEle
e O zombavam. Ele permaneceu totalmente em silêncio; não respondeu uma só
palavra. “Quando O injuriavam, não injuriava”, mas entregou-se Àquele a quem
veio servir. E agora eles O tomam, e com muitas zombarias e desprezos O
conduzem do palácio para as ruas apressadamente. Emagrecido pelos contínuos
jejuns, e deprimido com a agonia de espírito, Ele tropeça sob o peso de Sua
cruz. Filhas de Jerusalém! Ele desmaia em vossas ruas. Eles O levantam; colocam
Sua cruz sobre os ombros de outro, e O empurram, talvez com a ponta da lança,
até que finalmente Ele chegue ao monte da maldição. Soldados rudes O agarram, e
O arremessam sobre Suas costas; o madeiro transversal é posto debaixo dEle;
Seus braços são esticados para alcançar a distância necessária; os cravos são
preparados; quatro martelos cravam num só momento as partes mais frágeis de Seu
corpo; e ali está Ele sobre Seu lugar de execução, morrendo sobre Sua cruz.
Todavia, não está terminado. A cruz é levantada pelos rudes soldados. Há um
buraco preparado para ela. A cruz é solda bruscamente em seu lugar: eles enchem
o lugar com terra, e ali ela permanece.
Mas vede os membros do
Salvador, como tremem! Todos os seus ossos estão desconjuntados pelo golpe
cruel da cruz contra o solo! Como Ele chora! Como suspira! Como geme! E ainda
mais. Ouvi Seu último grito de agonia: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparastes?” Oh sol, não é de estranhar que feches teus olhos, e não
contemples por mais tempo um ato tão cruel! Oh rochas, não é de estranhar que
derretestes e romperam vossos corações com simpatia, quando vosso Criador
morreu! Nunca alguém sofreu como este homem sofreu. Até mesmo a morte se
enterneceu, e muitos do que estavam em seus túmulos levantaram e entraram na
cidade. Isto, contudo, é apenas o sofrimento exterior. Creiam em mim, irmãos, o
interno foi muitíssimo pior.
O que nosso Salvador sofreu em
Seu corpo não é nada comparado com o que Ele suportou em Sua alma. Não podeis
imaginar, nem tenho palavras para ajudar-lhes, o que Ele suportou por dentro.
Suponhamos por um momento – para repetir uma sentença que freqüentemente tenho
usado – suponhamos um homem que tenha caído no Inferno – suponhamos que todos
os seus tormentos eternos pudessem ser concentrados em uma hora; e então,
suponhamos que ela possa ser multiplicada pelo número de salvos, que é um
número que excede toda enumeração humana. Podeis imaginar agora qual a vasta
agregação de miséria que haveria nos sofrimentos de todo o povo de Deus, se
eles tivessem sido castigados por toda a eternidade? E recordai que Cristo teve
que sofrer o equivalente a todos os infernos de todos os Seus redimidos. Eu não
posso expressar este pensamento melhor do que com aquelas conhecidas palavras:
parece como se o Inferno fosse posto em Seu copo; Ele o tomou, e, “Num tremendo
gole de amor, Ele bebeu a condenação, deixando o copo seco”. Assim pois, não há
nada restante de todos os sofrimentos e misérias do Inferno que o Seu povo
deveria sofrer para sempre. Eu não digo que Ele sofreu nesta mesma proporção,
mas que suportou um equivalente a tudo isto, e deu a Deus a satisfação por
todos os pecados de todos de Seu povo, e conseqüentemente, levou um castigo
equivalente a todos os castigos deles. Podeis agora sonhar, podeis imaginar a
grande redenção de nosso Senhor Jesus Cristo?
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