Tenho notado, com
tristeza, algumas pessoas que são muito ortodoxas, e que podem recitar seu
credo de modo muito loquaz, mas o uso principal que fazem da sua ortodoxia é
ficar sentado observando o pregador, com a intenção de preparar acusações
contra ele. Ele é julgado por ter falado uma única frase que tinha uma
distância exígua (metade da largura de um fio de cabelo) abaixo do padrão!
"Aquele homem não tem a sã doutrina. Disse algumas coisas boas, mas tenho
certeza de que ele está podre até ao âmago! Empregou uma expressão que não foi
de 1.200 gramas por quilo." Mil gramas por quilo não bastam para os caros
irmãos aos quais me refiro, pois exigem algo a mais do que o siclo oficial do
santuário. O conhecimento deles é usado como microscópio para aumentar diferenças
mínimas. Não hesito em dizer que já encontrei pessoas que
conseguem
dividir um fio de cabelo
entre
o lado oeste e o noroeste,
nas questões da
teologia; nada sabem, porém, a respeito das coisas de Deus quanto ao seu
significado real. Nunca beberam delas até saciar a profundeza de sua alma, mas
apenas as chuparam até encher a boca, a fim de cuspi-las em cima do seu
próximo. Falar sobre a doutrina da eleição é uma coisa, mas, saber que Deus nos
predestinou, e produzir o respectivo fruto nas boas obras para as quais fomos
destinados, isso é coisa bem diferente. Falar do amor de Cristo, falar do céu
que foi preparado para o seu povo, e de outras tantas coisas — tudo isso é
muito bom; mas é possível falar sobre tudo isso, sem ter experiência pessoal.
Nunca, portanto, se dê por satisfeito somente com uma crença sólida, mas deseje
tê-la gravada nas tábuas do seu coração. As doutrinas da graça são boas, mas a
graça das doutrinas é melhor ainda. Tome o cuidado de possuir essa graça, e
nunca se dê por satisfeito com seu nível de instrução, até que entenda a
doutrina e tenha sentido o seu poder espiritual.
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