Foi
bom ter sido eu afligido, para que aprendesse teus estatutos.
Salmos
119.71
Foi bom ter sido eu
afligido. Mesmo quando a aflição provenha de pessoas ruins, ela conduzia a fins
benéficos; ainda que fosse prejudicial quando provinda de tais pessoas, para
Davi ela era boa. Ele sabia muito bem que ela o beneficiava de muitas maneiras.
Quaisquer que fossem os
pensamentos que lhe sobreviessem enquanto enfrentava a provação, ele tinha
consciência de que era melhor assim. Não era bom ver os soberbos prosperando,
pois seus corações se tornavam ainda mais sensuais e insensíveis; mas a aflição
tinha um caráter positivo para o salmista. Nosso pior nos é melhor que o melhor
para os pecadores. Para os pecadores, a alegria se torna nociva; e para os santos,
a tristeza é benéfica. Infindos benefícios nos têm sobrevindo através de nossas
dores e tristezas; e no mais, permanece isto: que assim temos sido instruídos
na lei.
Para que aprendesse
teus estatutos. Nosso conhecimento e nossa observância destes estatutos nos
vieram enquanto sentíamos os golpes da vara. Oramos ao Senhor para que nos instruísse
(v. 66), e agora percebemos que ele já fez isso. Aliás, na verdade ele nos tem
tratado bem, pois nos tem tratado de forma muito sábia.
Temos sido guardados,
através de nossas provações, da ignorância e de um coração seboso, e isso, se
porventura não existisse nada mais, seria causa suficiente de constante
gratidão. Ser engordado pela prosperidade não é saudável para a soberba; mas,
em prol da verdade, ser instruído pela adversidade é saudável para a humildade.
Mui pouco se tem a aprender sem aflição. Para sermos bons alunos, temos de ser
bons sofredores. Como dizem os latinos: Experientia
docet — a experiência ensina. Não há estrada regia para se aprenderem
estatutos régios; os mandamentos de Deus são melhor lidos por olhos úmidos de
lágrimas.
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