O primeiro uso da lei é
para manifestar ao homem a sua culpa. "Qual,
pois, a razão de ser da lei?" - Gálatas
3:19.
Quando Deus pretende
salvar um homem, a primeira coisa que faz com ele é lhe enviar a lei, para lhe
mostrar quão culpado, quão vil, e quão arruinado está, e em quão perigosa
posição. Você vê este homem deitado à beira do precipício, ele está dormindo, e
bem à beira do penhasco perigoso.
Um único movimento, e
ele irá rolar e ser quebrado em pedaços nas pedras irregulares abaixo, e nunca
mais será ouvido dele. Como ele poderá ser salvo? O que deve ser feito por ele?
Esta é a nossa posição, nós, também, estamos à beira da ruína, mas nós somos
insensíveis a ela.
Quando Deus começa a
nos salvar de tal perigo iminente, manda sua lei, que, com um chute forte, nos
desperta, e nos faz abrir os olhos, e olhamos para baixo e vemos o nosso
terrível perigo, e descobrimos as nossas misérias, e então é que ficamos numa
posição certa para clamar pela salvação, e a nossa salvação vem a nós.
A lei age com o homem
como o médico faz quando ele tira o tampão do olho do cego. Os homens que se
auto-justificam são cegos, embora eles se achem bons e excelentes. A lei lança
fora o tampão e os deixa descobrirem quão vis eles são, e quão totalmente
arruinados e condenados se ficarem debaixo da sentença da lei. Assim, em vez de
tratar este assunto de modo doutrinário, eu vou tratá-lo de forma prática, para
atingir cada uma de suas consciências. Meu ouvinte, não tem a lei de Deus lhe
convencido enquanto me ouve? Sob a mão do Espírito de Deus isto não o faz
sentir que você tem sido culpado, e que merece ser perdido, por ter incorrido
na ira de Deus?
Olhem aqui, vocês não
têm quebrado esses dez mandamentos? Quem há entre vós, que tem sempre honrado
seu pai e sua mãe? Quem há entre nós, que tem sempre falado a verdade? Não
temos, por vezes, dado falso testemunho contra nosso próximo? Existe uma pessoa
aqui que não fez para si um outro Deus, e amava a si mesmo, ou o seu negócio,
ou seus amigos, mais do que ele tem amado Jeová, o Deus de toda a terra? Qual
de vocês não tem cobiçado a casa do seu próximo, nem o seu servo, ou o seu boi,
nem seu jumento?
Todos nós somos culpados
em relação a cada letra da lei, todos transgredimos os mandamentos. E se nós
realmente entendemos estes mandamentos, e sentimos que eles nos condenam, eles
teriam essa influência útil sobre nós de nos mostrar o nosso perigo, e assim de
nos conduzir a correr para Cristo. Mas, meus ouvintes, esta lei não lhes
condena porque, mesmo que vocês dissessem que nunca quebraram a letra da lei,
mas porque vocês violaram o espírito da lei.
Que, apesar de você
nunca ter matado, ainda nos é dito, que aquele que se encolerizar contra seu
irmão é um assassino. Como alguém disse uma vez: "Senhor, eu pensava que
eu não era um assassino – pensava que era inocente nisto, mas quando soube que
aquele que odeia seu irmão é um assassino, então chorei por ser culpado, porque
tenho matado mais de vinte homens antes do almoço, porque eu tenho raiva de
muitos deles e com muita freqüência. "
Esta lei não significa
apenas o que ela diz em palavras, mas tem coisas profundas escondidas em suas
entranhas. Ela diz: "Tu não cometerás adultério", mas isso significa,
como Jesus o tem definido, "Aquele que olhar para uma mulher para a
cobiçar, já cometeu adultério com ela em seu coração." Ela diz: "Não
tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão", isto significa que devemos
reverência a Deus em todo lugar, e ter seu temor diante dos nossos olhos, e
devemos sempre honrar e observar os seus estatutos, e sempre andar em temor e
amor.
Ah, meus irmãos, com
certeza não há ninguém aqui tão tolo para se firmar na sua própria justiça e
dizer: "Eu sou inocente."
O espírito da lei nos
condena. E esta é a sua propriedade útil. Ela nos humilha, nos faz saber que
somos culpados, e assim nos conduz a receber o Salvador.
Marquem isto, aliás,
meus caros ouvintes, uma única violação desta lei é suficiente para nos
condenar para sempre. Aquele que quebra a lei em um só ponto é culpado de
todos. A lei exige que obedeçamos todos os mandamentos, e se um deles for
quebrado, todos os demais são quebrados.
Isto é como um vaso de
fabricação esmerada que deve ser destruído, caso você faça nele uma pequena
fratura, porque com isso terá destruído a sua perfeição, tornando-o
imprestável. Como se trata de uma lei perfeita, que somos ordenados a obedecer,
e obedecer perfeitamente, então fazer uma violação da mesma, embora sejamos
sempre inocentes, nada podemos esperar da lei senão ouvir sua voz dizendo:
"Vocês estão
condenados, estão condenados, condenados." Sob este aspecto do assunto não
deve a lei tirar muitos de nós de toda a nossa ostentação? Quem é que se
levantará em seu lugar e dirá: "Senhor, eu te agradeço porque não sou como
os demais homens?" Certamente não pode haver um entre vocês que possa ir
para casa e dizer: "Eu tenho dizimado a hortelã e o cominho, e tenho
guardado todos os mandamentos desde a minha juventude?" Não, se essa lei
for levada à consciência e ao coração vamos ser como o publicano, dizendo:
"Senhor, sê propício a mim, pecador". A única razão por que um homem
pensa que é justo é porque não conhece a lei. Você acha que nunca a quebrou
porque você não a entende.
Há alguns de vocês, que
são pessoas muito respeitáveis; que pensam que têm sido tão bons que poderão ir
para o céu por suas próprias obras. Você não iria dizer exatamente isso, mas
secretamente pensa assim, você tem tomado a ceia com devoção, tem sido muito
piedoso em participar de suas igreja regularmente, você é bom para os pobres,
generoso e reto e você diz: "Eu serei salvo pelas minhas obras. "
Não, senhor, olhe para a chama que Moisés viu, e gemeu e tremeu de desespero. A
lei não pode fazer nada por nós, exceto nos condenar.
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