Então os céus serão
enrolados como um rolo de pergaminho e passarão com grande ruído; eles fugirão
da face daquEle que se assenta no trono, e não haverá lugar para eles. O mesmo
modo de extinção dos céus nos é revelado pelo apóstolo Pedro: "O Dia de
Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se
fundirão" (2 Pe 3.12). Toda construção será subvertida por aquele elemento
furioso, a ligação de todas as suas partes será destruída e todo átomo será
rompido à parte dos outros. Pelo mesmo processo, "a terra c as obras que
nela há se queimarão" (2 Pe 3-10).
As grandiosas obras da
natureza, os montes perpétuos, as montanhas que desafiaram a fúria do tempo e
mantiveram-se impassíveis por tantos milhares de anos, desmoronarão em mina
abrasadora. Quanto menos as obras de arte, embora de tipo mais durável, o
esforço extremo da indústria humana, tumbas, pilares, arcos triunfais,
castelos, pirâmides, poderão resistir ao
conquistador flamejante! Tudo, tudo morrerá, perecerá, desaparecerá como um
sonho do qual alguém desperta!
Alguns grandes e bons
homens imaginaram que assim como se exige o mesmo Poder Todo-poderoso para
aniquilar as coisas quanto para criar, falar dentro ou fora do nada, assim
nenhuma parte de um átomo no universo será total ou finalmente destruída.
Antes, eles supõem que a última operação do fogo, que já observamos, é reduzir
em vidro o que, por uma força menor, tinha sido reduzido a cinzas. Assim, no
dia que Deus ordenou, toda a terra, se não os céus materiais também, sofrerão
esta mudança, depois da qual o fogo não pode ter mais poder sobre os resíduos.
Eles reputam que isto
está insinuado pela expressão na revelação feita ao apóstolo João: "E
havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal" (Ap
4.6). Por ora, não podemos afirmar ou negar tal idéia, mas saberemos mais
adiante.
Se é inquirido por
zombadores, por filósofos insignificantes, tomo estas coisas podem ser? De onde
viria tamanha quantidade de fogo que consumiria os céus e toda a terra?
Primeiramente, nós os lembraríamos que esta dificuldade não é peculiar ao
sistema cristão. A mesma opinião é quase universalmente mantida entre os pagãos
tolerantes. Mas, em segundo lugar, é fácil responder, mesmo com nosso
conhecimento pequeno e superficial das coisas naturais, que há depósitos
abundantes de fogo prontamente preparados e armazenados para o Dia do Senhor.
Quão rápido um cometa, comissionado por Ele, pode deslocar-se das regiões mais
distantes do universo? E se ele se dirigisse à terra em seu retorno do sol,
quando é algumas milhares de vezes mais quente que uma bala de canhão
incandescente, quem não perceberia qual seria a conseqüência imediata? Mas para não irmos tão alto quanto
aos céus etéreos, não poderiam os mesmos raios que dão brilho ao mundo, se
ordenados pelo Senhor da natureza, trazer ruína e destruição absolutas? Ou para
não irmos mais longe que o próprio globo, quem sabe que enormes reservatórios de
fogo líquido estão contidos, de século em século, nas entranhas da terra? Etna,
Hecla, Vesúvio e todos os outros vulcões que arrojam chamas e brasas de fogo;
que são eles senão as provas e bocas dessas fornalhas ardentes, e ao mesmo
tempo as provas de que Deus tem em prontidão meios para cumprir sua palavra? Se
observássemos não mais que a superfície da terra e as coisas que nos cercam por
todos os lados, é muito certo (como milhares de experiências provam, além da
possibilidade de negação) que nós, nós mesmos, nosso corpo inteiro, estamos
cheios de fogo, como também tudo o que nos rodeia. Não é fácil tornar este fogo
etéreo visível ao olho nu e produzir desse modo os mesmos efeitos na matéria
combustível, que é produzida pelo fogo culinário? Deus não precisa mais que
soltar essa cadeia secreta por meio da qual este agente irresistível está agora
preso e acha-se aquiescente em cada partícula da matéria? E quão rápido a
estrutura universal se partiria em pedaços e envolveria tudo em uma ruína
comum!
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