“Se eu não viera, nem
lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu
pecado” (João 15.22).
Tenho algo a fazer
agora. E é um trabalho horrível, pois é como se eu me vestisse de uma toga
negra para pronunciar a sentença condenatória. Não há castigo mais terrível que
aquele dos que vivem e morrem rejeitando a Cristo. Serão completamente
destruídos. Existem graus de punição, e nenhuma é maior que a reservada ao
homem que rejeita Cristo. Ouso dizer que já leram sobre o mentiroso, o devasso
e os bêbados recebendo sua recompensa – com quem imaginam que eles serão
condenados? Com os incrédulos. É como se o Inferno fosse criado primeiro para
os incrédulos; é como se o Abismo houvesse sido cavado não para os devassos,
blasfemos e bêbados, mas para aqueles que desprezam a Cristo; porque este é o
pecado Nº1, a culpa capital, e os homens são condenados por isso. As demais
iniqüidades virão após, porém a incredulidade caminha na frente para o Juízo.
Imaginem por um
instante que o tempo passou, e estamos no Dia do Juízo. Estamos todos reunidos,
os vivos e os mortos. O som da trombeta soa forte e demoradamente. Todos ficam
atentos, aguardando algo maravilhoso. As ruas ficam apinhadas de gente, os
bancos param suas atividades e as lojas ficam vazias. Todos estão quietos,
sentem que o último grande dia de negócios chegou, e que é hora de acertar
contas para sempre. Um silêncio solene preenche o ar, não se houve qualquer som.
Tudo, tudo está em silêncio. Rapidamente uma grande nuvem branca paira
solenemente nos céus, e OUÇAM, um duplo clamor varre a Terra. Nela há assentado
alguém semelhante ao Filho do Homem. Todos os olhos o contemplam, e então um
grito unânime se faz ouvir: “É Ele! É Ele!”. Em seguida, de um lado você ouve
gritos de “Aleluia! Aleluia! Aleluia! Bem-vindo! Bem-vindo! Bem-vindo Filho de
Deus!”. Mas, misturado a isso se ouve um som baixo e profundo, composto do
choro e o lamento de homens que O tem perseguido e rejeitado. Ouça! Parece que
posso até compreender a música; parece que posso ouvir as palavras chegando com
claridade, cada uma delas, e é uma música fúnebre. Que estão dizendo? “Montes,
caiam sobre nós! Pedras nos escondam do rosto daquele que vem assentado em Seu
Trono!”. Será que você está esses que dizem: “Escondam-nos!”?
Meu impertinente
ouvinte! Suponha que por alguns instantes você se foi deste mundo, vendo-se
morto em sua incredulidade, e entre aqueles que lamentam, choram e rangem os
dentes. Oh, qual terá sido seu terror! Face empalidecida e joelhos batendo não
são nada comparados ao terror em seu coração quando está embriagado, mas não
com vinho; e quando cambaleando de um lado a outro, intoxicado pelo espanto,
cai, e se contorce no pó, embriagado pelo terror e pela desesperança. Pois Ele
vem, e ali está, seus fortes olhos como dardos de fogo; é chegada a hora da
grande divisão. Escuta-se a voz: “Reúnam meu povo desde os quatro ventos do
céu, os meus eleitos em quem minha alma tem prazer”. Eles são ajuntados a sua
direita. E então Ele diz: “Ajuntai o joio em feixes para ser queimado”. E então
vocês são reunidos, amarrados em feixes, e depositados a sua esquerda. Agora só
falta acender a fogueira. Onde estará a chama que a acenderá? O joio precisa ser
queimado: onde estará o fogo? A chama sai de Sua boca, e é formado por palavras
como estas – “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para
o diabo e seus anjos” (14). Porque se demoram? “Apartai-vos de mim!”. Esperam
uma benção? São “malditos!”. Eu vos lanço uma maldição. Desejas escapar? É um
“fogo eterno!”. Porque perdem tempo suplicando? Não! “Porque clamei, e vós
recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção” (15).
Repito: apartem-se de mim para sempre. E assim serão lançados fora de Sua
presença. E o que você dirá então? “Oh! Que eu nunca tivesse nascido! Que eu
nunca tivesse escutado a pregação do Evangelho; assim jamais teria cometido o
pecado de rejeitá-lo!”.
Este será o sussurro da
larva que não morre, em sua consciência: “Conheci coisa melhores, mas não as
pratiquei”. Já que semeei ventos é natural que agora colha tempestade; fui
avisado, mas não quis parar; fui persuadido, mas não fui convidado. Agora vejo
que causei minha morte! Oh, o pensamento mais terrível de todos! Estou perdido!
Estou perdido! E este é o horror dos horrores: causei minha própria perdição;
eu recusei o Evangelho de Cristo; destruí a mim mesmo!
Será assim com você,
querido ouvinte? Acontecerá o mesmo com você? Oro para que não se dê assim! O
Espírito Santo pode, neste momento, te conduzir a Jesus, pois sei que és
demasiadamente vil para se render, a menos que Ele te force. Mas tenho
esperança a teu respeito. Parece que posso ouvi-lo perguntar: “Que devo fazer
para ser salvo?”. Permita-me lhe dizer o caminho da salvação: “Crê no Senhor
Jesus, e será salvo!”, pois a Escritura diz: “Quem crer e for batizado será
salvo, mas quem não crer será condenado”. Ali está Ele crucificado, agonizando
na Cruz, olhe pra Ele e viva!
“Confie n’Ele, confie
inteiramente,
E mais nenhuma outra
confiança ó crente;
Fora Jesus ninguém mais
poderá
O bem fazer a pecadores
impotentes!”.
Por mais perversos,
sujos, depravados e degradados, estão convidados a vir a Cristo. Náufragos do
Maligno, Cristo é vosso bote! A escória, o lixo, o resto, os esgotos deste
mundo, estão todos convidados a virem a Cristo! Venha a Ele agora, e alcançarão
misericórdia. Mas, se endurecerdes vosso coração,
“Um Senhor vestido de
desprezo,
Erguerá sua mão e
julgará:
- Por desprezares Meu
descanso prometido,
Não poderás se abrigar
ali!”.
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