“Bem-aventurados os
irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do Senhor” (Sl 119.1)
BEM-AVENTURADO. O Salmista se
sente tão arrebatado pela lei do Senhor, que considera como estando conformado
a ele seu mais elevado ideal de bem-aventurança. Ele está olhando admirado para
as belezas da lei perfeita; e, como se nesse versículo encontrasse a suma e
resultado de todas suas emoções, ele exclama: “Bem-aventurado é o homem cuja
vida é a transcrição prática da vontade de Deus”.
O cristianismo genuíno não é
apático nem árido; ele tem suas exclamações e êxtases. Não só julgamos ser a
guarda da lei de Deus uma atitude sábia e correta, mas nos sentimos
ardentemente extasiados antes sua santidade, e clamamos em extasiante adoração:
“Bem-aventurado são os imaculados!”. Significando com isso que ardentemente
desejamos tornar-nos assim. Nosso desejo por FELICIDADE não é maior do que o de
sermos PERFEITAMENTE SANTOS. É possível que o escritor tenha laborado sob o
senso de sua própria falha, portanto invejando a bem-aventurança daqueles cuja
vida havia sido mais perfeita e santo que a dele; aliás a própria contemplação da
lei perfeita do Senhor na qual ele agora tem ingresso fosse suficiente para
levá-lo a deplorar suas imperfeições pessoais e a suspirar pela bem-aventurança
de um viver sem mácula.
O cristianismo genuíno é sempre
prático, pois ele não nos permite deleitar-nos numa regra perfeita sem excitar
em nós profundo anelo de conforma a essa regra nossa conduta diária. Uma benção
pertence aos que ouvem, leem e entendem a Palavra do Senhor; não obstante, uma
bênção ainda maior advém da real obediência a ela e concretiza em nosso andar e
conversação o que aprendemos em nosso exame das Escrituras. A mais genuína
bem-aventurança consiste na pureza de nosso caminho e de nossa caminhada.
Este primeiro verso constitui
não só um prefácio a todo o Salmo, mas pode ser considerado como o texto sobre
o qual o resto é um discurso. É semelhante à benção do primeiro Salmo, o qual é
o próprio cabeçalho de todo o livro: Há certa semelhança entre este Salmo 119 e
o Saltério, e este é só um ponto dele, que começa com uma benção. Neste também
vemos algumas prefigurações do Filho de Davi, que começou seu grande sermão
como Davi começou ser grande Salmo. É bom abrir nossa boca com bênçãos. Quando
não podemos concedê-las, podemos apontar o caminho de sua obtenção; e ainda
quando nem mesmo as possuamos, pode ser proveitoso contemplá-las, para que
nossos desejos sejam exercitados e nossas almas movidas a buscá-las. Senhor, se
não sou ainda tão abençoado ao ponto de não ser ainda contado entre os
imaculados em teu caminho, contudo meditarei intensamente na felicidade que
desfrutam, e a porei diante de meus olhos como uma ambição a ser concretizada
em minha vida.
Do modo como Davi começa seu
Salmo, os jovens deveriam começar as suas vidas; os recém-convertidos deviriam
iniciar sua profissão de fé; todos os cristão deveriam começar cada dia.
Assentem em seus corações como primeiro postulado e sólida regra da ciência
prática que SANTIDADE é sinônimo de FELICIDADE; que nossa sabedoria consiste em
primeiramente buscar o reino de Deus e sua justiça. O bom começo já é meio
triunfo. Começar com uma ideia veraz de bem-aventurança é importante além de
toda medida. O homem começou sendo bem-aventurado em sua inocência; e se nossa
raça caída vida a ser vem aventurada outra vez, então ela deve encontrar a
bem-aventurança onde ela a perdeu no princípio, ou seja, conformando-se com os
mandamentos do Senhor.
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