"Sem fé é
impossível agradar a Deus." Se agradamos a Deus, não é por nosso talento,
e sim por nossa fé.
Atualmente necessitamos
de muita fé na forma de crença fixa. Devemos saber mais do que antes;
procuramos desenvolver, mas não como alguns, pois não pertencemos à escola
liberal daqueles que creem pouco ou nada com convicção, porque desejam crer em
tudo. Alguns não têm credo, ou se o possuem, o alteram tão frequentemente que
não lhes serve para nada. Variadas são as crenças e as incredulidades de
alguns, um aglomerado de conceitos filosóficos, teorias científicas, resíduos
teológicos e invenções heréticas.
Quando tais
"eruditos" se referem a nós, manifestam grande desprezo e demonstram
crer que somos estúpidos por natureza. Pode ocorrer que alguém esteja se
mirando num espelho quando julga estar contemplando o vizinho pela janela.
Atrevo-me a dizer que não devemos temer ante a perspectiva de medir forças com
os seguidores do "pensamento moderno". Seja assim ou não, a nós nos
compete crer. Cremos que quando o nosso Deus fez uma revelação, sabia o que
queria e pensava, e Se expressou da maneira melhor e mais sábia, em linguagem
que pode ser entendida pelos que são sinceros e desejosos de aprender. Portanto
cremos que não necessitamos de nova revelação, e que a idéia que há de surgir
outra luz é praticamente incredulidade segundo a luz que já recebemos, visto que
a luz da verdade é una. Embora a Bíblia tenha sido distorcida e posta à
ridículo por mãos sacrílegas, continua sendo a revelação infalível de Deus. O
aspecto mais importante da nossa religião é aceitar humildemente o que Ele tem
revelado. Talvez a forma mais elevada possível de adoração é a submissão de
todo o nosso ser mental e espiritual ante o pensamento revelado de Deus, o
entendimento prostrado, ante aquela sagrada presença, cuja glória faz com que
os anjos cubram os rostos. Aqueles que desejarem, adorem a ciência, a razão ou
seus próprios raciocínios; contudo nosso deleite é prostrar-nos ante o Senhor
Deus e dizer: "Este Deus é o nosso Deus para sempre; Ele será nosso guia
até à morte.
Reúnam-se em torno do
antigo estandarte. Lutem até à morte pelo evangelho imutável, pois é a sua
vida. Que a cruz de Cristo esteja sempre em proeminência, e que todas as
benditas verdades que a cercam sejam mantidas com todo o coração.
Precisamos ter fé — não
só na forma de credo fixo — mas também na forma de constante dependência de
Deus. Se me perguntasse qual a mais agradável disposição de ânimo dentro de
toda a gama dos sentimentos humanos, não falaria do poder da oração, ou da
abundância de revelação, ou de gozos arrebatados ou vitória sobre os espíritos
maus; mencionaria como o mais estranho deleite do meu ser, o estado em que se
experimenta uma consciente dependência de Deus. Frequentemente esta experiência
tem vindo acompanhada de enormes dores físicas e profundas humilhações do
espírito, mas é inexplicavelmente agradável cair passivamente nas mãos do amor
e morrer absorvido na vida de Cristo. É um deleite chegar à compreensão de que
você não sabe, mas seu Pai celestial sabe; você não pode falar, mas "temos
um advogado"; quase não pode levantar a mão, porém Ele opera todas as
coisas em você. A absoluta submissão das nossas almas ao Senhor, o pleno
contentamento do coração ante a vontade e os caminhos de Deus, a segura
confiança do espírito quanto à presença e ao poder do Senhor; isto é o mais
próximo ao céu que pode ocorrer conosco. É melhor que o êxtase, pois qualquer
um pode permanecer nessa experiência sem esforço ou reação.
"Ah, não ser nada,
nada; apenas permanecer aos Seus pés." Não é uma sensação tão sublime como
voar em asas de águia; quanto à doçura no entanto, ela é profunda, misteriosa,
indescritível e insuperável. É uma bem-aventurança na qual se pode pensar, um
gozo que nunca parece ser roubado; pois não resta dúvida de que um pobre e
frágil filho de Deus tem direito indiscutível a depender do Pai, direito a não
ser nada na presença dAquele que o sustém. Gratifica-me pregar nesse estado de
ânimo, como se não fora pregar, mas esperar que o Espírito Santo fale por mim.
Presidir dessa maneira as reuniões de oração e da igreja, e toda a espécie de atividades,
redundará em sabedoria e gozo para nós. Geralmente cometemos nossos maiores
erros nos assuntos mais fáceis, achando tudo tão simples que não pedimos a Deus
que nos guie e julgando que nossa própria capacidade será suficiente. Todavia,
as graves dificuldades, essas nós levamos a Deus. Bondosamente Ele dá aos
jovens prudência e aos simples conhecimento e discrição por meio delas. A
dependência de Deus é a fonte inesgotável da eficácia. Aquele verdadeiro santo
de Deus, George Muller, me surpreende sempre, por ser uma pessoa que depende
tão simples e puerilmente de Deus; mas, lamentavelmente, a maioria de nós se
julga demasiadamente grande para que Deus nos use. Sabemos pregar tão bem que
fazemos um sermão de qualquer coisa... e fracassamos. Cuidado, irmãos, pois se
julgamos que podemos fazer algo por nós mesmos, tudo que obteremos de Deus será
a oportunidade de prová-lo. Deste modo, Ele nos examinará, e nos permitirá ver
nossa incapacidade. Certo alquimista, que servia ao papa Leão X, declarou que
havia descoberto como transformar os metais vis em ouro. Esperava receber
grande soma de dinheiro por seu invento, mas Leão não era tão bobo; deu-lhe tão
somente uma enorme bolsa para que guardasse o ouro que fizesse. Nesta resposta
havia tanto sabedoria como sarcasmo. Isto é precisamente o que Deus faz com os
orgulhosos; permite-lhes ter a oportunidade de fazer o que se jactavam de poder
fazer. Jamais soube de alguma moeda de ouro que tenha chegado a cair na bolsa
de Leão; estou certo de que vocês jamais serão espiritualmente ricos pelo que
podem fazer com as próprias forças. Despojem-se das suas próprias vestimentas,
e então Deus poderá comprazer-Se em revestir-lhes de honra, mas nunca antes.
É essencial que
demonstremos fé em forma de confiança em Deus. Seria grande calamidade que
alguém afirmasse de vocês: "Tem um excelente caráter moral e dons
notáveis, mas não confia em Deus." Necessidade importante é a fé. O
apostolo recomenda: "Tomando sobretudo o escudo da fé." Pena é que
alguns vão à luta deixando o escudo em casa. Terrível é pensar num sermão que
tivesse todas as qualidades que um sermão precisa possuir e, no entanto,
constatar que o pregador não confiasse no Espírito Santo para abençoá-lo de
modo a converter almas. Tal mensagem seria vã. Nenhum sermão será o que deveria
ser se lhe faltar a fé; equivale a dizer que um corpo está sadio quando a vida
já se extinguiu. É admirável ver alguém humildemente consciente da sua própria
fraqueza e ao mesmo tempo bastante confiante no poder divino para atuar por meio
das suas limitações. Se intentamos fazer grandes coisas, não nos excederemos na
tentativa; esperando notáveis feitos, não cairemos desenganados em nossas
esperanças. Alguém interrogou a Nelson se não eram perigosos determinados
movimentos de seus navios, e a resposta foi: "Pode ser perigoso, mas em
assuntos navais nada há impossível ou improvável." Atrevo-me a asseverar
que, no serviço de Deus, nada é impossível e nada é improvável. Empreendam
grandes coisas em nome de Deus; arrisquem tudo, confiados em Sua promessa, e
conforme a sua fé lhes será feito.
Oxalá tivéssemos mais
coragem, mais ânimo, mais "garra". Intentemos grandes coisas, porque
os que confiam no Senhor vencem acima de todas as esperanças. Este é o tipo de
fé da qual necessitamos cada vez mais; confiar em Deus de tal maneira, que em
Seu nome ponhamos a mão no arado. É ocioso passar o tempo fazendo planos e
modificando-os, sem nada fazer; o melhor plano para executar a obra de Deus é
realizá-la. Irmãos, se não creem em mais ninguém, confiem em Deus sem reservas.
Creiam plenamente. Crer na Palavra de Deus é o mais razoável que temos a fazer;
é seguir o caminho mais simples que devemos tomar; é a norma menos perigosa que
podemos adotar, inclusive quanto ao cuidado de nós mesmos, pois Jesus declara:
"Qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder sua
vida por minha causa, a achará." Exponhamo-nos a tudo, confiados na
fidelidade absoluta de Deus, e jamais seremos envergonhados ou confundidos.
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